terça-feira, 4 de agosto de 2009

Extracto do DVD “ Queremos dar-Te graças”


Se já sentimos o abraço de um amigo
Então sabemos bem a falta que nos faz,
Por isso é que lhe damos o sentido
De ser princípio fundador da nossa paz!


Este cantar polifónico inspira-se directamente na polifonia rural arcaica dos cantares de trabalho, como «Viva o nosso patrão de hoje» ou «Não corteis a oliveira», o primeiro recolhido em Cervães, na Casa da D. Marquinhas, mãe da Amélia, e o segundo recolhido em Marrancos, numa linhada em casa do senhor Abílio Araújo, interpretado por umas mulheres de Goães que espadelavam o linho. A letra e a melodia de base são de minha autoria e pedi ao António da Costa Gomes que o harmonizasse no sistema de sobreposição de vozes, a terminar no sobreguincho ou Fim. A nossa respiração dita as pausas e aqueles dois momentos em que ocorre um acorde dissonante dão-lhe uma dinâmica de ansiedade harmónica que é a sua natural ambição, após aquele melisma final na sílaba «paz». Que a prática futura o aperfeiçoe, é o que desejo.


José Machado