sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

maçãzinha...

Esta maçãzinha .... madura...
ouvi cantar .... e chorar

(na Câmara de Vila Verde, após a apresentação do Boletim Cultural, surgiu assim espontâneamente.)

... maçã vermelhinha... que me deu o caiador

(esta "maçãzinha" vem de Cervães, da casa do Costa. Da casa da mãe da Amélia. Que a canta, como se fosse pequenina e estivesse no campo com as jornaleiras da sua quinta.)

Genuíno cantar. Puro. Voz cristalina.

(a Amélia aparece no vídeo...depois é só ouvir)

D. João de Castro "Jornadas no Minho"


A notícia já foi dada neste blogue, o acontecimento ocorreu na Biblioteca Professor Machado Vilela de Vila Verde, no pretérito dia 29 de Janeiro, sexta-feira à noite, jogava o Braga contra o Sporting e ganhou.



Estas fotos foram enviadas pelo primo (João de Castro e Mello) do neto (J. de Castro e Mello Trovisqueira) do Dr. João de Castro, cuja obra, Jornadas do Minho, publicada pela primeira vez em 1906, foi inserida, em fac-simile, no nº duplo, 3 e 4, do Boletim Cultural da Câmara Municipal de Vila Verde, em trabalho do professor Doutor Aurélio de Oliveira.

O leitor tomará para si, se quiser, algumas razões para ler este livro do Dr. D. João de Castro, escritor vilaverdense do século passado, mas já nascido no século XIX.

1) O livro é uma preciosidade literária não só pela ortografia da época, mas pela linguagem e estilo, riqueza de vocabulário e modo de tratamento da descrição de gentes e de terras;

2) Há no livro uma memória documentada de património, de usos e costumes, de modas e tendências, de história das ideias: com referências históricas, regresso a lendas, evocação de personalidades, citação de autores, memória esta que é entretecida com uma narrativa de amores, afectos, paixões e estados de alma, onde o simbolismo das mulheres, uma persistente, outras ocasionais, mas todas com os traços da efemeridade do tempo, ocupa a estratégia do autor: o Minho é uma mulher belíssima, para uns amor declarado e persistente, para outros conquista ocasional, mas nunca indiferente a uma economia de desejo e de ansiedade;

3) Há no livro comentários críticos preciosos e de uma actualidade pós-moderna pertinentíssima, a fazer notar que os ecologistas avant la lettre não são um invenção. As notas de carácter etnográfico são absolutamente espantosas, a par das informações sobre práticas musicais, corais ou individuais, de orquestras ou de compositores consagrados. Quem se der ao trabalho, como nós fizemos, de restaurar a memória de sons populares como o Regadinho, o Malhão, a Caninha Verde, o Carro Americano, por exemplo, bem notará que os caminhos da tradição persistem e contrastam em flagrante, por costume e por invenção de momento, com esta abundância contemporânea: talvez a espontaneidade de ontem não seja a mesma de hoje no que toca a festas e romarias, mas, de resto, os sons fazem o seu caminho em todas as idades e épocas;

4) O Minho é um desejo de conhecimento, uma viagem no seu interior é uma paideia educativa, uma aprendizagem de tempêros! Qualquer dia haverá forma de fazer a viagem de caleche!Leiam e digam.









segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

"Carro amaricano"



Sexta-feira dia 29 de Janeiro de 2010.

Fomos a Vila Verde animar o lançamento do Boletim Cultural da Câmara Municipal.


O tema do Boletim homenageia o escritor e poeta D.João de Castro, nascido em Azurara, Vila do Conde, em 1871, trazendo a lume a obra "Jornadas no Minho" publicada pela primeira vez em 1906.

Logo nas primeiras páginas desta viagem diz o seu autor:

"Em romarias ou bailados campestres, o Carro Americano canta-se e dansa-se a par da Canninha Verde, do Regadinho e do Malhão, acompanhado pelo estalar das palmas no expressivo retornello:

Oh ai ! Oh Ai !
Oh ai, meu bem !
O carro americano
Vae p'r'a Póvoa sem ninguém! "

E assim tocamos e cantamos nestas jornadas.
Mais adiante na visita a Braga, D. João escreve (atente nesta ortografia - início do século XX!)

"Na tarde d'esse dia, fomos á Sé, onde um mellifero servo de samarra escura, á voz auctorizada do nosso companheiro de acaso, desengavetou, sôb os nossos olhos curiosos, todo o bric-à-brac que a Cathedral, tantas vezes viuva dos seus primazes, conserva com árras honorificas d'essas immoderadas núpcias."