A Associação Cultural e Festiva "Os Sinos da Sé", assumiu a história do Grupo Folclórico de Professores de Braga, fundado no ano lectivo de 1978/79 na Escola Francisco Sanches, com a finalidade de desenvolver unidades de estudo e recreio no âmbito das manifestações musicais e coreográficas que configuram aspectos da cultura popular minhota.
"... «Verdi disse para eu retornar ao antigo. ... Verdi colocou a mão no meu ombro e disse:"Nos momentos de dúvida o melhor é retornar ao antigo." Mas o que é o antigo? O antigo não é obrigatoriamente uma oposição ao novo. É o aprovado e comprovado; o que resistiu ao tempo, à moda, o que se tornou incólume à conduta volúvel do público» ..." Fez-nos parar este excerto, retirado do romance de Rubem Fonseca "O selvagem da ópera" aonde o protagonista é o compositor de ópera brasileiro António Carlos Gomes (1836~1896). Também fomos à tradição e neste momento retomamos "O meu menino" gravado nas ruas de Braga.
SE A MÚSICA NÃO COMEÇAR, CARREGUE NO PLAY PARA A OUVIR.
Chegados ao outono, a natureza veste-se de cores melancólicas, bucólicas talvez. Chegam as castanhas, as uvas estão no lagar ou a caminho. Sacodem-se os capotes. O corpo pede outro andamento. O tempo fica da cor do mel e os dias curtos acontecem.
Na foto um ilustre castanheiro ainda de verdes ouriços e uma jovem ovelha que nos olha com ternura.
Em baixo, retomamos uma coreografia com a aderência do público.
Braga, Nogueiró, Festival Castro-Galaico Julho de 2014 - Monte de Nª Srª da Consolação Vai de Corredoira.
Braga, Av. Central, 25 de Julho de 2015 No 2º dia do FIF de Braga apresentámos um espectáculo com: Chora a Videira, Vira da Várzea, Sinos da sé, Alargai-vos raparigas, Chula da Póvoa e Vira Geral.
EXPOSIÇÃO DE TRAJES, BORDADOS E OBJECTOS DA TRADIÇÃO FOLCLÓRICA
Casa dos Crivos
Rua de São Marcos
de 24 de Julho a 23 de Agosto
Braga
Organizámos esta exposição para partilhar o encantamento que
os trajes folclóricos e seus acessórios, mais os objectos musicais e os
artefactos populares, determinaram nos momentos de animação cultural que realizámos
em muitos lugares e por muitas causas.
A arte efémera tem na tradição popular lugares de culto: os
tapetes processionais, os arcos de romaria, as pinturas murais… Esta exposição
é marcada por duas criações em rede e acrílico que reproduzem os bordados em
ponto de cruz usados nas camisas de homem e na técnica dos puxados em tecelagem.
A simbologia destes artefactos vai no sentido de um dever de gratidão ao destinador
dos bens e das capacidades (o orago da terra, a instituição, a comunidade, o
bem, o belo).
A exposição funciona tomando a «porta» como guia-intérprete
dos conteúdos: as portas fecham e abrem a guarda dos objectos. Seja para o
interior, seja para o exterior, a porta é o limiar do encontro com o outro em
que o próprio se transfigura quando se traja para uma ocasião ou para uma
causa. Os armários subsistem como guardiões de nossa dedicação cultural, são as
arcas da aliança que vamos estabelecendo na família e na comunidade.
O folclore desta exposição interpreta o folclore que
identifica a região, a cidade, até mesma a apropriação de lugares que cada um
faz ao longo da sua vida: uma peça daqui, outra vinda dali, uma inspirada
noutra, uma oferecida, outra doada, uma inventada, outra recriada a partir de
outra que já fora cópia de outra que fora original… é nesta linha do tempo que
se inscrevem as peças.
Mas há uma dimensão comum a todas as peças e a todos os
objectos aqui mostrados e assim expostos: a dimensão do amor, a manifestação do
empenho pessoal do gosto para que a peça traduzisse o apreço, o afecto, a
dedicação.
Os acervos principais desta exposição provêm, um da herança
deixada por Cecília de Melo à Associação Cultural e Festiva «Os Sinos da Sé»,
de que ela foi elemento fundador, primeiro com a identidade de grupo folclórico
de professores, e outro do guarda-roupa que Albertina Fernandes, elemento da
mesma associação, foi confeccionando ao longo destes últimos quarenta anos,
para oferta a amigos e para uso pessoal.
A este pequeno excerto musical, gravado num telemóvel, num ensaio de uma terça-feira, juntamo-lo a algumas fotografias da contemporaneidade onde os "Sinos da Sé" se movimentam.
A gaita de foles impõe-se num choradinho de adeus.
No quinto centenário de Sá de Miranda...
Por João Alves Dias
(Publicado no Jornal A Voz Portucalense, de 4 de Janeiro de 2015)
O doutor Aurélio Oliveira, catedrático jubilado da U.P., fez o desafio. O Grupo “Sinos da Sé” de Braga aceitou-o. E nasceu o CD Cantar Sá de Miranda, gravado na escola Sá de Miranda e recentemente editado.
Mas quem é este português de quinhentos que, ainda hoje, merece ser cantado? Um “guarda-cabras”, como se intitula na carta que escreveu ao Rei D. João III, que ousa atacar a frivolidade da Corte - “Homem dum só parecer/dum só rosto e d' ua fé,/d'antes quebrar que volver/outra cousa pode ser,/ mas de corte homem não é”. Um poeta que critica a macrocefalia de Lisboa - “Não me temo de Castela,/ mas temo-me de Lisboa,/ que o Reino nos despovoa”; denuncia os Senhores - “fortes amos/querem que os adoremos”, a má distribuição da riqueza - “um possui de serra em serra/outro nada ou dous tojais”, os funcionários prepotentes - “Executores da lei, /havei vergonha algum dia”, a ostentação de algum clero - “quanto padre que passea/em fim, ventre e bolsa cheia”.
António Ferreira, seu contemporâneo, diz: “Novo mundo, bom Sá, nos foste abrindo/com a tua vida e com teu doce canto”. Almeida Garrett afirmou: “Sá de Miranda, verdadeiro pai da nossa poesia, um dos maiores homens do século, foi o poeta da razão e da virtude”. José Machado, no libreto do citado CD, esclarece: “Sá de Miranda foi o tipo de homem da cultura que transitou da vida palaciana para a residência rural. Este tipo de português erudito e sujeito interveniente político que se retira dos negócios e da “coisa pública” para se dedicar à produção literária, mas sempre atento à orientação geral do reino e das gentes, é protótipo do intelectual integrador, reformista e renovador da vida cultural do seu povo.”
Sá de Miranda nasceu em Coimbra em 1481. De ascendência fidalga, estudou em Santa Cruz e frequentou a Universidade onde alcançou o título de doutor em Direito. A fidalguia e a cultura abriram-lhe as portas da Corte. Por curiosidade intelectual, foi viver para Itália, durante 5 anos, onde conviveu com os maiores vultos do renascimento da época. Regressado a Portugal, foi de novo bem recebido na Corte. Mas, passados quatro anos, inesperadamente, deixou tudo e recolheu-se às terras de “Entre -Homem-e-Cávado”, onde casou e veio a morrer, em 1558, na sua quinta da Tapada, em Amares. Como diz o subtítulo do CD, Ainda não é tarde para evocar quem fez da escrita uma contínua intervenção social e literária e, como um profeta, assumiu a missão de denunciar a soberba dos poderosos, a corrupção dos políticos, os vícios da sociedade, a ostentação e a degradação dos costumes. Um exemplo para os dias de hoje...
Vale a pena conhecê-lo nas suas trovas à maneira antiga, poesias bucólicas, sonetos, canções, elegias, cartas, comédias.
(VP, 4/1/2015)
11 de abril de 2015 - Auditório da Fnac - Braga - "Serrana onde jouvestes"
(A estrofe seguinte foi apresentada no facebook por Rui Pedraja a minha avo materna cantava esta cantiga...em pequeno ouvi-a muitas vezes cantar esta cantiga,esta e outras.....«meninas de braga»......«nunca mais o achei,nunca mais o achava,perdi o amor nas bandas de braga,retire-se ole nao me ponha o pé,eu sou giribiribiri,trailari-lo-lé,trailari-lo-lé.....»)
Nunca mais o achei
Nunca mais o achava
Perdi o amor
Nas bandas de Braga
Retire-se olé
Não me ponha o pé
Eu sou giribiribi
Trailarilolé
Trailarilolé
(Daqui para a frente as estrofes são de minha invenção, José Machado, e destinam-se ao baile que vamos apresentar)
Apresentação do vídeo sobre São Bento da Porta Aberta, pela Confraria.
"Romeirinhos"
Braga, Auditório Vita, no dia 19 de Fevereiro. O culto a São Bento da Porta Aberta em Rio Caldo, data pelo menos de 1615. São V«Bento foi proclamado Pai da Europa por Pio XII e por Paulo Vi padroeiro da Europa.
Andamos em pesquisas sobre lenços da cabeça. Diz-se lenços de cabeça ou lenços da cabeça?
Dentro do grupo usam-se lenços de tapete em cerimónias como a procissão de São João (as fotos são daí)
Há também os lenços chineses, os lenços de merino (raça de carneiro muito comum em Portugal e Espanha), lenços de seda, lenços franjados e lenços de trabalho.
Um lenço é um pedaço de tecido, normalmente quadrangular que tem diversos usos: lenço de assoar, lenço de pescoço e lenço da cabeça.
Lemos há pouco tempo uma biografia de D. Pedro IV (I imperador do Brasil) e diz-se que na fuga da família real para o Brasil houve uma praga de piolhos e então tiveram que rapar o cabelo à rainha Carlota Joaquina e então o lenço da cabeça virou moda!
Sempre vimos mulheres a usar lenços na cabeça; por vezes, até rodilhas faziam para poder levar bacias, cestos ou potes à cabeça, mas a bíblia já fala dos lenços da cabeça.
E os homens não usam lenços da cabeça? Já vimos, em alguns homens, lenços de assoar virar lenços da cabeça, com um nó em cada ponta ...ai não, que não protegem do sol!
As contas serão apresentadas e demonstrarão as nossas actividades. Para o futuro vou continuar a propor que apostemos nas grandes linhas do nosso projecto cultural:
praticar a música tradicional portuguesa, divulgando as suas diversas manifestações e participando em eventos que favoreçam a sua fruição: cantar, dançar e tocar são as dimensões essenciais da nossa razão de existir;
usar os trajes e trajares tradicionais como conteúdos culturais, procurando a sua ajustada configuração aos diversos eventos em que tomamos parte;
ter uma visibilidade pública, quer com trabalhos de edição, quer com a participação na comunicação social, quer com a promoção de conteúdos na rede virtual;
responder aos desafios culturais que nos são apresentados, sem receio de promover a criação de conteúdos e de suscitar a reflexão;
continuar a identidade do grupo enquanto associação cultural e festiva enraizada na cidade e na região. (José Machado)