O Pelouro do Ambiente desafiou as Juntas de Freguesia a participar no Cortejo Etnográfico, fazendo mostra das características identitárias de cada freguesia.
A Junta de Freguesia de S. Victor respondeu positivamente ao desafio, convidando a Associação Cultural e Festiva "Os Sinos da Sé" a decorar o carro e a destacar as nossas tradições.
Assim, "Os Sinos da Sé" apostaram na importância que o Carro de Bois desempenhava no mundo agrícola e como este tem influência no mundo da literatura e na poesia. Também os cânticos foram escolhidos para evidenciar a força do trabalho do campo e do mundo da lavoura.
«Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter
rodas»
...
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos
De facto, noutros tempos,
era o arado que rasgava a terra,
fazia dela um ventre aconchegado –
cenário certo para o deflagrar da vida
que vai dentro das sementes.
…
A. Pires Cabral, O Arado, Ed. Cotovia
Eu sei do grão, doirado e luminoso
E da leiva fumegante e maternal
Talhada pelo ferro do arado
Das manhãs de Maio
Eu sei dos bois mansos e pachorrentos
- Como se as noites não descessem aos dias –
A lavrar, a gradar, a semear
Na alegria quente das levandiscas
No trilar sonhador dos grilos
Artur Coimbra, 60 poemas, ed.
Labirinto
O "mata-bicho" depois dos trabalhos, mas valeu na mesma.
Aqui as mulheres preparam a "mesa" enquanto os homens aguardam.
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