Existem no Cancioneiro tradicional português cantigas que emanam das antífonas do advento chamadas as antífonas do Ó. As antífonas são criações poéticas, cantáveis ou não, que desenvolvem uma temática de fé específca, neste caso a temática da espera ou expectação sobre a vinda do Salvador. A cantiga
Ó meu Menino tão lindo / Ó meu Menino tão belo / Vinde, vinde já ao mundo / que por vossa vinda espero //
Do mesmo modo o cântico Ó Infante suavíssimo que se canta durante a novena do Menino em Cervães, por exemplo, se pode inserir nesta temática das antífonas do Ó.
Para esclarecer mais esta questão, partilhamos de Carlos Aguiar a última carta da Militia Sanctae Mariae (Carta nº 16 de 15/12/2022):
«Nossa Senhora da Expectação, ou do Ó, uma invocação da THEOTOKOS, a Santa Mãe de Deus que aguarda o nascimento do Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma devoção antiquíssima. Talvez anterior ao século X. Em Toledo, naquele século, já se celebrava a festa da Expectação do Parto. Depois difundiu-se por toda a Cristandade. Entretanto foi caindo em esquecimento mas manteve-se em Toledo e em Braga onde fazia parte do calendário litúrgico do Rito Bracarense. Nesta Arquidiocese portuguesa manteve-se até à última revisão do seu Próprio de onde foi eliminada. Recentemente, e a propósito da Benção de Grávidas promovida pela ASSOCIAÇÃO FAMÍLIAS no dia 28 de Abril, festa de Sta Joana Beretta Molla, o Prelado da época, Dom Jorge Ortiga, falando com este vosso amigo sugeriu que a mesma bênção também se fizesse na Sé Catedral , ideia que aplaudi imediatamente tendo sugerido o dia 18 de Dezembro, dia de Nossa Senhora do Ó . O Senhor Arcebispo concordou plenamente mas levantou a hipótese de se celebrar no Domingo mais próximo do dia 18. E ficou o 3º Domingo do Advento para, assim, se poder contar com mais mães grávidas e suas famílias. Assim ficou e permanece, tendo o Cabido mandado fazer uma cópia de uma imagem do século XVIII, guardada no Tesouro da Sé, de grande beleza e que durante dois ou três anos esteve ao culto para a bênção das grávidas. Agora, a réplica, durante o ano, está no Claustro da Sé onde é muito venerada. Assim, foi retomada a celebração, modificada, a Nossa Senhora do Ó.
Em Portugal muitas capelas e altares foram
dedicadas a Nossa Senhora do Ó. Ó passou a nome próprio ( p.ex. Maria do Ó) e ,
também a apelido de família.
Esta invocação de Nossa Senhora, com as
Antífonas cantadas em Vésperas, antes e depois do Magnificat, até ao Natal, de
17 a 23 de Dezembro, as chamadas Antífonas em Ó, porque todas começam pelo vocativo
Ó e devem ter tido início no século VII/VIII. Ei-las:
O Sapientia |
17 de dezembro |
Die 18 Decembris |
18 de dezembro |
Die 19 Decembris |
19 de dezembro |
Die 20 Decembris |
20 de dezembro |
Die 21 Decembris |
21 de dezembro |
Die 22 Decembris |
22 de dezembro |
Die 23 Decembris O Emmanuel, |
23 de dezembro Ó Emanuel, nosso rei e legislador, esperança e salvador das nações, Vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus. |
(..) Com os nossos agradecimentos a Carlos Alberto Aguiar Gomes (https://miliciadesantamaria.org.br/)
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