(foto de Maio de 2010 quando em Vila Verde apresentamos pela primeira vez "Sá de Miranda") |
Fica aqui este "Vai de corredoira" pelo professor José Machado:
Vai de corredoira / Quando vai dond’ela / vai de corredoira
(Melodia recolhida e harmonizada por Joaquim Santos – que nos disse ter sido seu pai a ensinar-lha e que se referia às «pressas de conversar com as raparigas» - que ele usou em composições de rapsódia. Retomamos a sua harmonização e acrescentámos-lhe uma composição melódica inspirada em variações de «malhão», com versos inspirados em Sá de Miranda – os dele vão em itálico, os nossos em tipo normal – para cumprimento de crítica social e catarse.)
Quando um homem ilustrado
Nos «vai abrindo ao mundo»(1)
Fica-lhe o povo obrigado
Torna-se o chão mais fecundo
Portugal precisa, é
De homens de um só parecer
De um só rosto, de uma fé,
D’antes quebrar que torcer
Quem justiça brada
Contra as confusões
Paga à descarada
Muitas comissões
Contra os poderosos
Contra a iníqua lei
Contra os invejosos
Contra o próprio rei
O furto é de todos visto
E o país se despovoa
Ninguém se dá por benquisto
Sem as graças de Lisboa
O mal depressa se alcança
Mas o bem tarda em chegar
Corre-se atrás da mudança
Mas não se vê melhorar
Anda o mal no vale
Anda o mal na serra
E razão do mal
É sempre a panela
Contra os poderosos
Contra a iníqua lei
Contra os invejosos
Mesmo contra o rei
É preciso um temporal
Mas não doença nem guerra
Para limpar o lamaçal
Que já cobre a nossa terra
Se já dizem que o calar
É de elevado saber
Eu digo que o protestar
Algum bem há-de colher
E que mais farei
Quando tudo arde
Seja pela Grei
Qu’ inda não é tarde
Para algum encanto
De razões disponho
Às vezes me espanto
Outras me envergonho
(1) António Ferreira (1528-1569 Carta IX)
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